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Síndrome do sulco espiral- Comparação entre os métodos diagnósticos (Ressonância x Ultrassom)

Atualizado: 14 de set. de 2020

Síndrome do sulco espiral é a compressão do nervo radial no plano do braço. O sulco espiral é uma depressão óssea anatômica no terço médio da diáfise umeral, onde o nervo radial e a artéria braquial profunda atravessam. Neste trajeto, o nervo radial superficializa-se e possui trajeto descendente obliquado, posterior e junto ao úmero, atravessando do compartimento muscular posterior ao anterior. Dois detalhes tornam este local propício à compressão do nervo radial, sendo eles:

  • assoalho rígido da cortical do úmero

  • o nervo radial perfura o septo intermuscular lateral ao cruzar do compartimento posterior ao anterior

A ultrassonografia pode avaliar todo o trajeto do nervo radial pelo braço.

Imagens ultrassográficas do nervo radial em seu trajeto através do braço, nos planos do compartimento muscular posterior (terço proximal), sulco espiral (terço médio) e compartimento muscular anterior (terço distal).



O caso ilustrativo é de um paciente de meia idade que há 30 dias após uso abusivo de bebida alcoólica acordou com dor e paresia na mão e face anterolateral do antebraço associado à mão "caída". O quadro clínico sugere neuropatia compressiva em território do nervo radial, conhecida como "saturday night palsy", por vezes descrita na literatura como "honeymoon palsy". Em ambos os casos, uma posição não-habitual favorece a compressão do nervo radial no plano do sulco espiral, sendo que na primeira o indivíduo perde a capacidade de alterar o decúbito devido à ingestão alcoólica e na segunda a compressão se dá através da compressão exercida pela cabeça do companheiro (a).



Atrofia do membro superior esquerdo e incapacidade de extender a mão.




Ressonância Magnética demonstrando espessamento e alteração do sinal do nervo radial que inicia-se no plano do sulco espiral e estendende-se distalmente, inclusive com comprometimento de seu ramo motor e profundo, o nervo interósseo posterior (NIP) na fossa cubital. Associa-se denervação em fases subaguda/ crônica do ventre muscular braquial, assim como da musculatura extensora e supinadora do antebraço.



Avaliação ultrassonográfica do nervo radial.

Segmento proximal do braço. Nervo radial com aspecto preservado.



Sulco espiral. Nervo radial apresenta espessamento fascicular e do tecido conectivo de sustentação neural. Plano transicional neural entre os segmentos normal-alterado.


Segmento distal do braço. Nervo radial permanece alterado. Associa-se atrofia da musculatura do compartimento anterior.



NIP alterado. Atrofia do ventre muscular supinador.



Agora vamos analisar as imagens RM x USG lado a lado em planos equivalentes. Observe a resolução superior do utrassom para a análise dos nervos periféricos.

neuropatia radial nervo sulco espiral ultrassom ressonancia

neuropatia interosseo posterior ultrassom ressonancia supinador


O nervo radial pode ser analisado em todo o seu trajeto pelo braço através de ultrassonografia. A ultrassonografia por possuir resolução superior demonstra detalhes da microestrutra neural não passível de visualização por Ressonância. Possui outras vantagens, como avaliação de grandes extensões e comparação rápida com o lado contralateral.

Acostume-se a avaliar o sulco espiral em sua rotina ultrassonográfica e inclua este local como possível plano compressivo diante de história suspeita ("saturday night palsy"/"honeymoon palsy") e clínica sugestiva de território neural radial.










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